No passado recente, com a ditadura militar de 1964, o bipartidarismo surgiu com a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e com o Movimento Democrático (MDB). Eles eram fervorosos, cada um defendendo sua bandeira: o primeiro pretendendo se firmar no poder a ferro e fogo, e o segundo, buscando a redemocratização do país. A abertura política deu oportunidade à criação de novos partidos. Transformações na situação e na oposição, com siglas que deveriam atender às mais variadas correntes de pensamento. Sempre defendi que os partidos – todos – devem buscar os cargos mais importantes, justamente para implantar seus planos de governo.
Nos dias atuais, com 30 partidos, os brasileiros assistem a uma batalha aguerrida entre eles para conquistar as benesses do poder, num jogo onde entra o compadrio político. Não há dúvida de que alguns dos chamados “nanicos” são partidos de aluguel: vendem apoio, e nas coligações cedem o apoio em troca de cargos aos seus correligionários. São os chamados partidos de “mentirinha” para o ministro Barbosa ou de “mentirão”, segundo minha ótica.
Mas, não são apenas os “nanicos” que se submetem à subserviência do governo central. O PMDB, um dos maiores, deveria estar na oposição, na busca de defesa de sua ideologia programática, mas se curvou ao Partido dos Trabalhadores (PT), tão logo a sigla ascendeu ao poder, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele se contentou em emplacar o vice-presidente e, melhor que isso, colocou diversos de seus pares nos mais cobiçados cargos da administração federal. Não tenho a menor dúvida de que descobriu a fórmula magia: ser adesista ao poder rende mais benefícios com menos desgaste.
Voltando ao Barbosa. Ele falou sobre a classe política como cidadão e professor universitário. É um direito dele como brasileiro e eleitor. Não disse nada mais que o óbvio e ululante. No Brasil não há partidarismo – o eleitor vota em pessoas e, infelizmente, na maioria dos casos, nos políticos que têm boa oratória ou que se especializaram em fazer propostas mirabolantes. Ninguém conhece os estatutos partidários, incluindo a maioria dos políticos. É cultural. Diferente da democracia americana em que a população se identifica e conhece os estatutos dos Democratas ou Republicanos.
As reações ao pronunciamento do ministro na seara política são as mais diversas, cada um buscando fazer uma interpretação para justificar a inoperância ou a subserviência ao poder. Obviamente muitos tentam desacreditar o magistrado. Mas, achei coerente a colocação do senador Agripino Maia, presidente do DEM. Ele disse: “houve uma opinião. Nos fere? Claro que nos fere. Agora é uma opinião que tem que ser considerada e tem que ser avaliada”. Espero que os políticos, feridos ou não, avaliem a fala de Barbosa, vistam a carapuça e mudem o comportamento vil a que se submetem.
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