Mequinho, entre a religião e a sonho de voltar à elite mundial do xadrez
dom, 12/01/14
por Luciano Trigo |
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Em 1977, o terceiro melhor jogador de xadrez do mundo era um brasileiro, atrás apenas do então campeão mundial, Anatoly Karpov da União Soviética, e do vice-campeão, o dissidente Viktor Korchnoi: Henrique da Costa Mecking, o Mequinho. Acumulando vitórias em fortíssimos torneios internacionais, ele se tornou um herói nacional e foi apontado como um dos principais candidatos ao título mundial ao longo de toda a década de 70, até que teve sua carreira bruscamente interrompida por um adversário tido como fatal, a miastenia grave, doença neuromuscular que provoca rápida fadiga e degeneração dos músculos voluntários. Chegando a ser desenganado pelos médicos, Mequinho se recuperou – e atribui sua cura às preces de uma integrante da Renovação Carismática Católica, como conta em seu livro “Como Jesus Cristo salvou minha vida”, lançado em 1992 e atualmente na sexta edição. Mequinho passou então a dedicar-se integralmente à religião, formando-se em Teologia e ingressando na Renovação Carismática.
Suas vitórias nos fortíssimos Torneios Interzonais de Petrópolis, em 1973, quando o campeão mundial era o mito Bobby Fischer, e Manila, em 1976, lhe valeram a oportunidade de participar do Torneio de Candidatos, sequência eliminatória de matches que estabelece o desafiante ao título mundial. Mas nas duas oportunidades ele foi eliminado no match inicial – em 1974 por Viktor Korchnoi, e em 1977 por Lev Polugaievski. Mequinho chegou a iniciar sua participação no Torneio Interzonal do Rio de Janeiro em 1979, em uma tentativa de classificar-se para o Torneio dos Candidatos pela terceira vez consecutiva, mas, atendendo a ordens médicas, deixou o torneio antes da conclusão da segunda rodada. (Eu, adolescente, fui ao Copacabana Palace só para vê-lo jogar, ao lado de monstros como Tigran Petrosian, Lajos Portisch e Robert Huebner). Depois disso afastou-se dos tabuleiros por 17 anos. Mas Mequinho, que completa 62 anos no dia 23 de janeiro, não abandonou o sonho de se tornar campeão mundial de xadrez. Atualmente ele é o número 2 do Brasil, com uma pontuação de 2606 no ranking da FIDE (Federação Internacional de Xadrez) de janeiro de 2014.
Nesta entrevista, Mequinho recapitula momentos importantes de sua carreira, fala sobre sua cura e conversão e afirma que o planeta está prestes a entrar numa guerra terrível – se Jesus não a cancelar primeiro, como já teria acontecido em 2010. Segundo mequinho, estas são as coisas que irão acontecer no mundo muito em reve: “1- Um país asiático vai atacar outro país, com bombas atômicas. 2-Logo em seguida, haverá a Purificação. Todas as pessoas vivas , no mundo inteiro serão julgadas , como normalmente acontece na hora da morte de cada pessoa. A Purificação também é chamada de “Aviso”, conforme foi revelado nas Aparições de Nossa Senhora em Garabandal , no norte da Espanha , em 1961. Sobre essas Aparições, o Papa Paulo VI disse: “Garabandal é a mais bela história da humanidade, depois do nascimento de Jesus. É a segunda vida da Santíssima Virgem nesta terra. É importantíssimo dar a conhecer ao mundo estas mensagens”. 3- O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo será pregado em todo o mundo , em todos os países. Haverá uma grande evangelização.”
- Você continua sendo o maior enxadrista brasileiro de todos os tempos e esteve muito próximo de desafiar o campeão mundial Bobby Fischer, nos anos 70. Que análise retrospectiva faz do seu desempenho naquele período? O que faltou para derrotar Korchnoi no Torneio de Candidatos, já que em várias partidas sua posição era superior?
HENRIQUE MECKING: Venci o Torneio Interzonal de Petrópolis, em 1973, invicto. Isso foi uma grande conquista, pois ali estavam os melhores jogadores do mundo. Em 1974, se eu tivesse enfrentado, no primeiro match, um outro jogador, teria boas chances de vencê-lo. Naquele tempo, não havia computadores, e as partidas eram suspensas após quatro ou cinco horas de jogo. Eu tinha dois assessores, mas apenas um deles tinha o título de GM [Grande Mestre], o sueco Ulf Andersson. Meu adversário , o GM russo Viktor Korchnoi, tinha muito mais auxílio do que eu; esse auxílio era benéfico para ele na preparação das partidas e nas partidas suspensas. Se Korchnoi quisesse , poderiam ligar para a Rússia, e lá havia muitos GMs que poderiam ajudá-lo. A primeira partida, eu jogando de pretas, foi suspensa em posição de grande vantagem para mim. Infelizmente , meus assessores não descobriram a variante ganhadora.
- Ainda sobre aquele ciclo: você acredita que Karpov teria derrotado Bobby Fischer em 1975?
MECKING: Se tivessem jogado o match Fischer-Karpov em 1975, Karpov contaria com o auxílio de muitos GM russos, mas Fischer teria certo favoritismo.
- No ciclo seguinte o senhor novamente chegou ao Torneio de Candidatos, sendo derrotado por Polugaievsky. Que comparação poderia fazer entre o seu desempenho nos dois ciclos?
MECKING: No ciclo seguinte, havia o mesmo problema: o GM russo Lev Polugaievsky tinha auxílio mais poderoso que eu. Em uma partida suspensa, que acabou empatada, Polugaievsky reconheceu que eu podia ter ganhado facilmente, pois o lance secreto que ele fez, antes de adiar a partida, era fraco. Eu me sentia muito cansado nesse match e, cerca de um mês após o seu término, tive uma forte inflamação na garganta, que era o começo da terrível moléstia miastenia grave. Logo, eu joguei esse match abalado pelo cansaço, pois estava prestes a ser acometido por essa terrível doença.
- Que comparação o senhor faz entre o xadrez dos anos 60/70 e o xadrez de hoje? O computador mudou tudo? Em que sentido? Considera a elite de hoje superior à elite daquela época? O que pensa de Magnus Carlsen, Anand, Kramnik e Aronian?
MECKING: Passei 17 anos sem jogar xadrez, rezando, cuidando da doença e me formando em Teologia Católica e Filosofia. Houve uma terrível inflação no rating da Federação Mundial de Xadrez; com o rating que eu era o terceiro do mundo em 1978, 2630, hoje uma pessoa não seria nem número 130 do mundo. Isso me prejudicou terrivelmente. Agora, que estou quase bom da doença, meu rating está subindo novamente e é o mais alto nos últimos 22 anos. Sou, no momento, o segundo rating do Brasil. O russo Mikhail Botvinnik foi Campeão Mundial de Xadrez até os 51 anos. Eu vou fazer 62 anos em janeiro; mas eu pedi muitas vezes a Jesus para tirar 15 anos da minha velhice, e as pessoas que me vêem dão-me idade muito inferior à que eu tenho. Nas últimas sete partidas que joguei com jogadores de rating maior que eu, não perdi nenhuma, empatei todas elas. Joguei quatro vezes com o GM Júlio Granda, do Peru, que é o número 1 da América do Sul, duas vezes com o GM Lenier Dominguez, de Cuba, que é o número 1 da America Latina e o número 14 do mundo, e uma vez com o GM Alexander Onischuk, que foi o primeiro tabuleiro dos Estados Unidos, no Campeonato Panamericano por Equipes, que foi jogado em Campinas em janeiro de 2013. Fui o primeiro tabuleiro do Brasil nessa competição e fiquei invicto. Portanto, após Jesus me curar totalmente, creio que enfrentarei Carlsen, Anand, Kramnnik e Aronian, com boas chances.
- Antes de ter a doença grave que interrompeu sua carreira, o senhor já era devoto? Qual era sua relação com a religião? Houve um momento específico de Revelação ou ela foi gradual, à medida que o senhor se curava?
MECKING: A doença miastenia grave causa um terrível cansaço, que é muito nocivo ao bom desempenho dos torneios de xadrez. Pode atacar qualquer músculo do corpo e matar a pessoa em pouquíssimo tempo. A doença começou em 1977; após eu ter ficado doente. Nesse ano, eu me converti para a Igreja Católica. Em 1979, tive uma grave crise: não podia mais mastigar, durante um mês e meio tinha que tomar somente alimentos líquidos e ia enfraquecendo a cada dia. Não tinha mais forças nem para escovar os dentes e tinha outros músculos atacados pela doença. Meus amigos me davam somente 15 dias de vida. Eu ficava quase todo o dia enrolado em quatro cobertores, pois sentia muito mais frio que as pessoas saudáveis. Quando estava prestes a morrer, em 28 de maio de 1979, Tia Laura, uma senhora da Renovação Carismática Católica, e mais duas companheiras, fizeram uma oração de cura por mim. Nosso Senhor Jesus Cristo concedeu uma cura milagrosa: eu melhorei mais de 99%. Tia Laura era muito conhecida por ser usada por Jesus com o dom de curas; ela já faleceu. Posteriormente, Jesus me concedeu outras curas milagrosas e eu hoje estou quase bom da miastenia grave. Nas aparições de Nossa Senhora em Medjugorje , na Bósnia, Jesus me concedeu , através de Nossa Senhora , três curas milagrosas. Mas esse pouco que eu ainda tenho dessa doença atrapalha muito o desempenho nos torneios de xadrez. Acredito que, se Jesus me curar 100% dessa doença, em breve, terei chances de voltar a ser um dos melhores do mundo e, inclusive, lutar para ser campeão mundial e ter o maior rating do mundo.
- O senhor teve visões de Nossa Senhora? Pode contar como foi essa experiência?
MECKING: Nunca tive nenhuma visão divina, mas Jesus me usa com dom de curas, dom de línguas, dom de interpretar oração em línguas, palavra de ciência, profecia etc. Ele me usa quando Ele quer; o Espírito Santo é o dono desses dons. A Renovação Carismática é o grupo que mais cresce dentro da Igreja Católica, porque Jesus tem curado numerosos doentes, inclusive de doenças incuráveis. Eu já preguei na Renovação Carismática com dom de curas e libertação, em 12 estados diferentes do Brasil e em 18 cidades diferentes do Estado de São Paulo. Uma vez, em Piracicaba, em1991, eu orava pelos doentes no estádio de futebol e Jesus curou um paralitico, que levantou e andou; eu anunciei que isso tinha acontecido, antes de o rapaz confirmar, através de palavra de ciência, que é um dos dons carismáticos. Outra vez, no Rio de Janeiro, eu orava pelos doentes e Jesus realizou numerosas curas naquele dia, inclusive de 8 ou 10 cancerosos.
- Fale sobre seu livro “Como Jesus Cristo salvou a minha vida”. Que resposta você tem dos leitores do livro?
MECKING: O livro “Como Jesus Cristo salvou a minha vida” de minha autoria, publicado por Edições Loyola, já está na sexta edição. Qualquer pessoa que tenha um amigo ou parente doente deve lê-lo e informar o doente da mensagem desse livro. Os doentes ficam maravilhados e cheios de esperança, ao lerem esse livro.
- Você afirma que em breve um país asiático atacará outro país, com bombas atômicas, e que em seguida ocorrerá a Purificação, seguida de um processo de evangelização planetária. O que leva o senhor a acreditar nisso?
MECKING: Nós, da Renovação Carismática Católica, somos abertos a receber mensagens de Jesus, através de profecias, interpretações em línguas, palavras de ciência etc. Quando Jesus me concede essas mensagens, fico muito feliz. Essas coisas que afirmo, Jesus me revelou. Um país asiático, que tem bombas atômicas, ia atacar o seu inimigo em abril, maio ou junho de 2010, mas Jesus cancelou. Quando essas coisas graves estão para acontecer, Nossa Senhora, os Anjos e os Santos pedem a Jesus que cancele. Em 2010 e, creio eu, que em outras oportunidades anteriores, Jesus cancelou. É totalmente certo que chegará um dia que Jesus não cancelará essa guerra para o mundo, pois essas coisas estão escritas na Bíblia, e os pecados do mundo são muito grandes. O país que vai atacar agora é outro país, não é o mesmo que ia atacar em 2010; ambos são asiáticos e ambos têm bombas atômicas. Eu acredito que agora essa guerra realmente vai acontecer, que Jesus não vai cancelá-la, porque Ele tem-me dado mensagens muito numerosas sobre isso. Se Jesus Cristo não cancelar essa guerra, ela acontecerá em tempo muito breve.
O que teme? Que suas perguntas sejam respondidas! Recalcado querendo ofuscar o brilho de Meckinho!
Já tive o prazer de jogar 3 vezes contra essa lenda viva e inclusive levei-o a uma missa em minha cidade.
É uma pessoa ímpar, totalmente diferente… tem plena convicção de tudo o que fala e prega.
Sou católico e enxadrista… admiro seu talento e seu jeito de vida… apesar de não concordar com algumas de suas teorias.
Parabéns ao G1 pela reportagem.
Não só ele mas qualquer desportista que não seja do futebol tem poucas chances de receber o devido benefício de nossos governante. Um enxadrista não tem a oportunidade de viver somente do xadrez e dedicar seu tempo somente a treinamentos e competições, como exigir resultados? é preciso uma política mais decente e um povo que acredite que representar nosso país dentro do universo do xadrez é importante não só para elevar o nome de um país como também para servir de exemplo sobre persistência, dedicação, estudo e outros. Nossa crianças não podem ficar reféns de jogadores de futebol que aparecem na mídia nas mais triste situações como envolvimento com drogas, traficantes, caixa dois e outros lamentáveis episódios que nem é bom comentar. Acompanhando a entrega, dedicação e o esforço de Mequinho para alcançar seus objetivos podemos acreditar em um Brasil melhor.
Mais mídia e mais valor para o Grande Mestre Brasileiro.
A gente tá torcendo por você.