O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva muniu-se nesta quarta-feira de todos os números favoráveis de seus dois mandatos para a estreia de sua carreira como palestrante, dois meses após deixar a Presidência da República.
A imprensa foi mantida à distância do salão onde se realizou a palestra, no Expo Transamérica. Foi permitida a entrada de jornalistas apenas nos 13 minutos iniciais do discurso, a pedido do ex-presidente, segundo os organizadores. Ele só deve se aproximar da imprensa depois do Carnaval.
Falando a um público de cerca de mil convidados da empresa de produtos eletrônicos LG, de origem sul-coreana, Lula, vestindo terno sóbrio, focou o discurso na força do mercado interno. No total, o discurso levou 40 minutos.
"O mercado interno sustenta o vigor da economia, o que permitiu um resultado recorde do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010 com expansão prevista de 7 por cento. Um resultado extraordinário porque foi acompanhado pela redução das desigualdades sociais e regionais, com distribuição de renda", disse o ex-presidente, que leu a maior parte do discurso.
Os convidados eram formados na maioria por revendedores dos produtos da marca, entre eles grandes varejistas como Casas Bahia e Pão de Açúcar. No evento, eles conheceram os produtos que a LG vai comercializar em 2011.
Após afirmar que a taxa de desemprego despencou de 12,4 por cento em 2003 para 6,7 por cento em 2010 (primeiro e último anos de seu governo, respectivamente) e que foram criados 15 milhões de empregos, Lula disse que este desempenho se refletiu nas vendas.
"Tudo isso ajudou a alavancar o comércio e permitiu que a LG vendesse mais televisores de tela plana, mais computadores, telefones celulares e aparelhos de ar condicionado", afirmou um bem treinado Lula, dirigindo-se à plateia como "família LG".
Também vinculou a chegada da energia nas residências proporcionada pelo programa federal Luz para Todos com a venda de eletrodomésticos --79,3% das pessoas beneficiadas compraram televisores, 73 por cento adquiriam geladeiras e 46 por cento, equipamento de som, exemplificou.
Quanto à crise financeira internacional de 2008/2009, lembrou que foi à TV conclamar a população a consumir como forma de girar a economia. "Eu que passei a vida inteira sendo contra a sociedade de consumo, fiz a apologia do consumo."
Assessores da LG, que opera no Brasil desde 1996, disseram que a escolha do palestrante foi feita pela sua importância e repercussão e não confirmaram especulações de que Lula recebeu um cachê de 200 mil reais pela noite.
Um funcionário da LG --que não falava português, não forneceu seu nome e viu Lula pela primeira vez-- disse ao final da palestra que o ex-presidente passou "entusiasmo" em sua fala.
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