Benghazi (Líbia), 26 fev (EFE).- Representantes do poder civil e militar do leste da Líbia, controlado por comitês populares após o levantamento do dia 17 de fevereiro, mostraram neste sábado sua confiança que o líder líbio Muammar Kadafi abandone em breve o poder.
Fathi Tarbul, membro do Governo provisório de Bangasi, a segunda maior cidade do país, assegurou neste sábado em entrevista coletiva que "Kadafi tem 15% do país sob controle".
"Kadafi está vivendo os últimos momentos e esperamos o final de seu regime nos próximos dias", disse Tarbul, um advogado de 39 anos, cuja detenção no dia 15 de fevereiro se transformou no estopim do levantamento que se impôs na parte leste do país e em várias localidades do oeste e o sul.
Por sua vez, o chefe das Forças armadas da zona leste, o general-de-brigada Abdul Nafa Moussa, se mostrou convencido que "o povo libertará Trípoli", assim como que todos os oficiais da parte oriental do país já são contra o regime.
Além disso, pediu ao resto dos oficiais do país para "marcharem rumo a Trípoli" e serem contra o regime de Muammar Kadafi.
No entanto, descartou, "por enquanto", que os sublevados na "zona liberada" empreendam "uma ação militar para a capital".
"A missão atual das Forças especiais é proteger o povo de Benghazi e de outras cidades", afirmou Moussa em entrevista coletiva no principal quartel militar da segunda maior cidade líbia, em poder dos rebeldes há dias.
O militar disse que ainda desconhece com precisão o número de unidades na zona oriental do país e que estão tentando contabilizá-las.
"Atualmente não temos nenhum plano de dirigir-nos a Trípoli, agora estamos recrutando nossas Forças e preparando-as", assinalou perante os jornalistas.
Moussa acrescentou que estão "esperando a libertação" da capital por parte dos cidadãos e das Forças.
Neste sentido, Tarbul considera que já não se pode falar do Exército de Kadafi, já que "a ideia é que não tem Exército, mas forças paramilitares fiéis e mercenárias".
Além disso, comentou que a decisão de lançar ou não um ataque militar contra Trípoli, algo que em um princípio também descartou, é uma decisão que devem tomar os conselhos da revolução e não as Forças Armadas.
Segundo vários membros dos comitês populares, os manifestantes controlam não só o leste do país, mas várias cidades do oeste como Zauiya e Mesrata e do sul como Al Kufra, próxima ao Sudão.
No entanto, da mesma forma que Fathi Tarbul, confessam que a informação é pouca pela dificuldade das comunicações e sublinham que na localidade de Sirte, lugar de nascimento de Kadafi e situada entre Benghazi e Trípoli "ainda não começou a revolução".
Os telefonemas dentro do país são complicados, não se pode telefonar para o exterior e a internet está cortada desde o começo das mobilizações.
Enquanto isso, o porta-voz do Departamento de Estado de Estados Unidos, Philip J. Crowley, respondeu neste sábado à "duvidosamente sóbria" queixa do líder líbio Muammar Kadafi que os manifestantes contra seu regime são "um pequeno grupo" de jovens drogados.
"Apesar da denúncia duvidosamente sóbria de Kadafi que os manifestantes estejam drogados, o povo da Líbia tem a mente espaçosa em seu desejo de mudança", escreveu Crowley através da sua conta no Twitter.
Kadafi qualificou assim os manifestantes em discurso emitido na terça-feira pela televisão estatal, no qual assegurou que "são jovens de 16 a 17 anos que se drogam e são manipulados pelos agentes dos serviços secretos estrangeiros".
O líder líbio, que nesse discurso prometeu lutar e morrer como um "mártir", afirmou em várias ocasiões que aqueles que levantam suas armas contra o regime são merecedores da pena de morte, e que nesta ocasião não haverá perdão embora "o peçam suas famílias".
Na sexta-feira, cerca de 6,5 mil egípcios chegaram à fronteira líbio-tunisiana de Ras Adjir, com o que já são mais de 15 mil os egípcios que fugiram da Líbia através da Tunísia, segundo informou neste sábado a Organização Internacional de Migrações (OIM).
Perante esta situação, a OIM está redobrando seus esforços para poder evacuar por ar e por mar os milhares de egípcios, assim como os cidadãos de outras nacionalidades que também fugiram da violenta repressão que o regime de Muammar Kadafi exerceu contra a rebelião popular na Líbia. EFE
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