Imortal da Academia de Letras, Moacyr Scliar morre aos 73 anos
27 de fevereiro de 2011
Escritor estava internado no Hospital das Clínicas de Porto Alegre desde o dia 11 de janeiro
O escritor gaúcho Moacyr Scliar morreu por volta da 1h deste domingo, aos 73 anos, de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre desde o dia 11 de janeiro, quando deu entrada para a retirada de pólipos (formações benignas) no intestino. A cirurgia foi bem sucedida, mas o escritor acabou tendo um Acidente Vascular Cerebral (ACV) e morreu nesta madrugada.
Em comunicado, o Grupo RBS, do qual Scliar era colaborador, informou que o velório ocorrerá na Assembleia Legislativa do Estado, no Salão Júlio de Castilhos, a partir das 14h deste domingo. O sepultamento será na segunda-feira, em cerimônia reservada a familiares e amigos.
Moacyr Jaime Scliar nasceu na capital gaúcha no dia 23 de março de 1937. Natural do bairro Bom Fim, que reúne a maioria da comunidade judaica da cidade, ele se consagrou como um dos principais literatos do País, mas nunca esqueceu de suas origens. Em 1972, por exemplo, publicou A guerra no Bom Fim, um romance inspirado na sua formação cultural.
Filho de José e Sara Scliar, imigrantes oriundos da Bessarábia (Rússia), foi alfabetizado pela mãe, que era professora primária e o incentivou a ler e escrever. Em 1955, passou a cursar a faculdade de Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde se formou em 1962, ano em que publicou o livro História de um Médico em Formação, o primeiro da extensa bibliografia. São 74 livros abrangendo o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil e o ensaio. Ele ainda foi colunista de jornais e teve textos adaptados para o cinema, teatro, tevê e rádio.
Sua obra foi marcada pela aproximação com o imaginário fantástico e com a investigação da tradição judaico-cristã, tendo como temas dominantes a realidade social da classe média urbana no Brasil, a medicina e o judaísmo. Scliar teve livros publicados em diversos países como Alemanha, Israel, Estados Unidos, Rússia, Franças, entre outros. Na carreira médica, ele especializou-se em saúde pública, fez curso de pós-graduação em Israel e tornou-se doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública. Moacyr Scliar casou-se em 1965 com Judith Vivien Olivien, com quem teve um filho, Roberto.
Imortal
Em 31 de julho de 2003, Scliar foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto, para a cadeira de nª 31 da Academia Brasileira de Letras (ABL), substituindo a Geraldo França de Lima. O escritor gaúcho tomou posse em 22 de outubro daquele ano, sendo recebido pelo conterrâneo Carlos Nejar.
No discurso de posse na Academia, Scliar disse que oferecia a nomeação aos pais, "emigrantes que lutaram duramente e que me ensinaram a lutar também, e a acreditar. Como um dia acreditou na literatura aquele gurizinho do bairro do Bom Fim que, de algum lugar do tempo, me olha com seus grandes olhos, um olhar de admiração e de espanto à qual junto, neste momento, a gratidão de toda a minha vida".
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