segunda-feira, 23 de novembro de 2009

LIÇÕES DE VIDA DO VICE PRESIDENTE...

Para os sensíveis do meu Brasil, brasileiro! Aos discípulos da arte de pensar: reproduziremos pequena parte da educativa entrevista do grande homem, mineiro de nascimento, da nossa bela Muriaé - JOSÉ DE ALENCAR. A entrevista na íntegra, numa colaboração do amigo Nestor Figueiredo, você pode apreciá-la no nosso blog saberladino.blogspot.com

É penoso para o senhor praticar a humildade?

- Não, porque a humildade se desenvolve naturalmente no sofrimento. Sou obrigado a me adaptar a uma realidade em que dependo de outras pessoas para executar tarefas básicas. Pouco adianta eu ficar nervoso com determinadas limitações. Uma das lições da humildade foi perceber que existem pessoas muito mais elevadas do que eu, como os profissionais de saúde que cuidam de mim. Isso vale tanto para os médicos Paulo Hoff, Roberto Kalil, Raul Cutait e Miguel Srougi, quanto para os enfermeiros e auxiliares de enfermagem, anônimos, que me assistem. Cheguei à conclusão de que, o que eu faço profissionalmente tem menos importância do que o que eles fazem. Isso porque meu trabalho quase não tem efeito direto sobre o próximo. Pensando bem, o sofrimento é enriquecedor.

- Essa sua consideração não seria uma forma de se preparar para a morte?

- Provavelmente, sim. Quando eu era menino, tinha uma professora que repetia a seguinte oração: "Livrai-nos da morte repentina". O que significa isso? Significa que a morte consciente é melhor do que a repentina. Ela nos dá a oportunidade de refletir.

- O senhor tem medo da morte?

- Estou preparado para a morte como nunca estive nos últimos tempos. A morte para mim hoje seria um prêmio. Tornei-me uma pessoa muito melhor. Isso não significa que tenha desistido de lutar pela vida. A luta é um princípio cristão, inclusive. Vivo dia após dia de forma plena. Até porque nem o melhor médico do mundo é capaz de prever o dia da morte de seu paciente. Isso cabe a Deus, exclusivamente.

- O senhor se deu conta da comoção nacional que tem provocado?

- Não há fortuna no mundo capaz de retribuir o carinho dos brasileiros. Sou um privilegiado. Você não imagina a quantidade de manifestações afetuosas que tenho recebido. Um dia desses me disseram que, ao morrer, iria encontrar meu pai, falecido há mais de cinquenta anos. Aquilo me emocionou profundamente. Se for para me encontrar com mamãe e papai, quero morrer agora. A esperança de encontrar pessoas queridas é um alento muito grande – e uma grande razão para não ter medo do momento da morte.

- O senhor se tornou mais devoto com a doença?

- Sou de família católica, mas nunca fui de ir à missa. Nem agora faço isso. Quando a coisa aperta, rezo o pai-nosso. Ultimamente, tenho rezado umas duas, três vezes ao dia.

- Se recebesse a notícia de que foi curado, o que faria primeiro?

- Abraçaria a Mariza e diria: "Muito obrigado por ter cuidado tão bem de mim".

José de Alencar - VICE PRESIDENTE DA REPÚBLICA.


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