domingo, 20 de fevereiro de 2011

NOÇOES IMPORTANTES PARA SER BOM ENXADRISTA...

O básico da estratégia (o saber nunca ocupa lugar; só faz você ocupar lugar de destaque por onde passar...)

Você pode optar por várias estratégias diferentes, dependendo do tipo de oponente que você está enfrentando, e o tipo de enxadrista que você é. A estratégia é o plano seguido por um enxadrista, e abrange todo o jogo. A estratégia começa com a abertura, continua durante o meio-jogo, e vai até o final de jogo. Enxadristas têm que ter um plano e, mesmo que eles possam mudar, não devem ser feitos movimentos sem primeiro ter uma estratégia em mente! Escolha um bom plano e jogue de acordo com ele.

Os jogos são considerados abertos se os peões centrais foram capturados, e fechados quando não ocorrem tais capturas. Jogos semi-fechados são, então, aqueles em que alguns dos peões centrais foram capturados. Os jogos recebem a denominação de abertos ou fechados porque existe uma maior mobilidade para as peças de cada um em um jogo aberto, e esse grau de abertura normalmente determina a complexidade do jogo. Especificamente, reconhecer quando um jogo é aberto ou fechado é importante porque os jogos fechados são mais propícios para os cavalos, enquanto os jogos abertos são mais adequados às peças de maior alcance, como bispos, damas e torres.

Para decidir qual o plano de jogo mais adequado é preciso considerar o estágio de desenvolvimento da partida: abertura, meio do jogo ou final do jogo. Depois da abertura, quando a maioria das peças moveram-se das casas iniciais para o centro do tabuleiro, vem o meio do jogo, que dura até que um dos jogadores leve xeque-mate ou até que a maioria das peças esteja trocada. Frequentemente é no meio do jogo que uma partida é decidida, por isso é especialmente importante planejar e usar táticas, seja para ganhar peões e peças maiores ou mesmo para dar xeque-mate no rei do seu oponente. A linha que separa o meio do jogo de seu final geralmente não é muito nítida, mas o final do jogo algumas vezes gira em torno da promoção de um peão à dama.

Aberturas estratégicas: Se você optar por um jogo mais longo e teórico, você pode preferir uma abertura complexa como o Gambito da Dama, a Ruy Lopez, ou a Inglesa. Nestes tipos de jogos, principalmente quando você está jogando as variações fechadas, você provavelmente irá se aventurar em posições fechadas onde manter ocupar uma boa posição predomina em relação a manobras táticas. Em tais situações, você pode concentrar-se em elementos estratégicos como controlar filas, criar uma boa estrutura de peões, e outras considerações relacionadas a desenvolvimentos de longo alcance.

Aberturas táticas: Se você estiver interessado em aguçar o seu jogo tático e focar sobre as combinações, você pode optar por uma abertura mais tática. Algumas destas aberturas são a Defesa Siciliana (especialmente Dragon e as antigas linhas principais de Najdorf), a Defesa Grünfeld, e as antigas variações da Defesa dos Dois Cavalos.

Você pode sempre simplificar o jogo dando início às trocas, e ele se tornará mais computacional. Se você não quiser que isso aconteça, você precisa ser cauteloso e conservador.

É sempre importante você estar pensando em quantas casas uma peça controla (ou seja, podem atacar), e quais casas estão controladas. No início você deve ter por objetivo controlar o centro do tabuleiro. Conforme o jogo avança você pode querer atacar um flanco, especialmente se o Rei foi rocado para aquele lado.

Material

Ter mais peças no tabuleiro que o seu adversário significa que você tem uma vantagem material. Uma vez que as peças não são todas iguais, costuma ser muito útil associar a cada peça um valor que represente sua importância no jogo, permitindo desta maneira determinar qual jogador tem uma vantagem maior.

Escolhendo o peão como sendo a unidade básica de valor, pode-se atribuir os seguintes valores relativos para os diferentes tipos de peça:

  • Peão = 1
  • Cavalo = 3
  • Bispo = 3
  • Torre = 5
  • Dama = 10

Note que estes são apenas valores relativos, e deve-se ter em mente que o valor de uma peça pode variar de uma situação para outra, ou à medida que o jogo avança, porque depois de vários lances, há menos material sobre o tabuleiro, ampliando as possibilidades de movimento para as peças de longo alcance. No começo do jogo, quando há muitas peças no tabuleiro, o cavalo é mais poderoso que a torre. Por outro lado, em um tabuleiro com menos peças, por exemplo em um final de jogo, a torre se torna mais poderosa que o cavalo, porque há menos peões no caminho, e ela tem a chance de controlar mais quadrados. Os bispos podem andar grandes distâncias, desde que não seja obstruído, enquanto os cavalos têm uma maior presença local. Os cavalos se tornam poderosos e se mostram essenciais em jogos fechados, porque eles podem "saltar" sobre peças, além disso somente os cavalos são capazes de atacar uma dama sem ser ameaçado por ela. Por outro lado, os bispos são geralmente mais fortes em jogos abertos, onde eles têm bastante espaço para se movimentar.

O rei é um bom exemplo de como o valor de uma peça muda ao longo da partida. A sua força como uma peça de ataque se torna bem maior no fim de jogo. É comum considerá-lo mais forte do que um cavalo ou bispo, embora mais fraco do que uma torre. No entanto, não faz sentido atribuir um valor ao rei uma vez que atacar (ou defender) esta peça é praticamente o objetivo central do jogo!

Os cavalos são muito poderosos se eles ocupam uma posição segura e avançada no território inimigo. Em certas circunstâncias, um cavalo na 6ª fileira que não tem como ser atacado por peões do adversário pode se tornar tão poderoso quanto uma torre. Este tipo de cavalo, quando protegido por um peão, é como "um lar longe de casa".

Um bispo jamais ocupa uma casa de cor diferente daquela onde ele começou, por isso, se um dos bispos é capturado, metade do tabuleiro passa a estar fora do alcance de um bispo. Então trocar um bispo por um cavalo tende a favorecer a pessoa que perde o cavalo, pois esta fica com dois bispos. No entanto, trocar o segundo bispo não é tão ruim. Portanto, uma troca de bispo por bispo em uma partida onde um dos lados possui apenas um bispo pode ser de algum interesse para este lado.

Os cavalos não alcançam ambos os lados do tabuleiro ao mesmo tempo, ao contrário dos bispos. Então, em um fim de jogo onde há peões em ambos os lados do tabuleiro, o bispo é mais forte.

Os bispos não podem atacar peões que estão em casas com a cor oposta, enquanto os cavalos podem. Além disso, em um jogo onde há uma pequena estrutura de peões, um cavalo pode estar no topo da cadeia e ao mesmo tempo atacar o peão que o apóia. Assim, em muitos casos um cavalo é mais eficaz para atacar peões enquanto eles estão limitados a um lado do tabuleiro.

É importante manter em mente que tipo de posições irá beneficiar as peças que você tem. Por exemplo, se você tem dois cavalos, mas nenhum bispo, e o seu adversário tem dois bispos, mas nenhum cavalo, seria bom para você manter o centro cheio de peões, evitando trocas com eles. Agindo desta forma, você irá dificultar a movimentação dos bispos de seu oponente, e ainda poderá continuar saltando sobre os peões com seus cavalos. Por outro lado, se você é quem tem os dois bispos e seu oponente possui os dois cavalos, então você deve jogar tentando manter o centro livre de modo que seus bispos possam ter mais mobilidade. Esse raciocínio pode ajudar a decidir se se deve ou não fazer uma troca de bispo por cavalo ou vice-versa.

Geralmente ter mais peças é melhor: dois bispos é melhor que uma torre, duas torres é melhor que uma dama. No entanto, isso depende de uma coordenação adequada entre as peças. Pode ser útil sacrificar duas peças (bispo ou cavalo) por uma torre se isto resultar em prejuízos a longo prazo para a coordenação de peças do inimigo. Por outro lado, geralmente essa situação torna necessário usar as peças extras para a defesa dos fracos peões.

Ter vantagem material geralmente significa estar mais próximo de ser o vencedor. Então, se for possível, troque uma peça por outra mais valiosa e verá que logo o seu exército estará mais poderoso do que o do seu oponente. Mas sempre tome muito cuidado com o que você troca, para não cair em armadilhas do seu adversário.

Compensação

As vantagens materiais sempre devem ser avaliadas conforme a posição do jogo. Em certos casos, pode-se dizer que há uma compensação entre o déficit de material e o posicionamento das peças no tabuleiro. Para ser mais específico, quando um jogador está em desvantagem material, mas tem suas peças bem desenvolvidas e devidamente protegidas, é possível que o seu jogo pareça mais fácil, ou realmente esteja favorável que o do adversário. Por exemplo, se o seu adversário tem todos os seus peões em quadrados brancos, um bispo em casas pretas vale mais do que um bispo em casas brancas, devido a sua maior mobilidade. Uma vez que a vantagem posicional pode muitas vezes ser tão interessante quanto a vantagem material, é importante que as peças sejam bem desenvolvidas durante a abertura do jogo.

Normalmente, ter essa compensação para a perda de uma peça significa que um ataque contra o rei inimigo (ou contra os pontos fortes do tabuleiro) não pode ser repelido, ou só pode ser repelido ao custo de abrir mão da vantagem material obtida. Muitas vezes a compensação consiste na simples possibilidade de ter a iniciativa em um momento crucial do jogo, ou ainda, de poder aprisionar o rei adversário em uma posição vulnerável. Por vezes uma maioria de peões em uma ala, ou um peão passado, também pode ser considerado uma compensação para a perda de uma peça menor. Geralmente o jogador que está com menos material precisa agir rapidamente e evitar a troca de peças para impedir o inimigo de fazer valer sua vantagem material.

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